Por muito tempo, as áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática foram marcadas por preconceitos de gênero que excluem mulheres e meninas. O acesso desigual à oportunidades afastou e desmotivou, e desmotiva até hoje, várias mentes brilhantes dessas carreiras e impede seu progresso.
Mas apesar dos contratempos, algumas fronteiras do conhecimento científico começam a ser ultrapassadas para dar lugar à busca de soluções para desafios do mundo inteiro. Para o IGI, o trabalho delas mudou a maneira como o mundo é visto, e por isso mesmo, suas histórias merecem ser contadas e recontadas.
Para comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o #IGI fez uma coletânea de mulheres cientistas que mudaram e ainda mudam o mundo e todos deveriam conhecer.
Márcia Barbosa
Márcia Barbosa é física especializada em estruturas complexas da molécula de água. Ela acredita que as anomalias da molécula podem ajudar a resolver os problemas de escassez de água doce.
A brasileira desenvolveu uma série de modelos de propriedades da água que podem melhorar a compreensão sobre uma ampla variedade de tópicos. Entre eles, como ocorrem terremotos, como a energia mais limpa é gerada e a forma de tratar as doenças. Em 2013, ela recebeu o Prêmio L'Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência.
Tu Youyou é química-farmacêutica e investiga o tratamento da malária numa técnica enraizada na medicina chinesa antiga. Sua descoberta da artemisinina, um composto que reduz rapidamente o número de parasitas do plasmódio no sangue de pacientes com malária, salvou milhões de vidas.
Como estudante de farmacologia, Youyou aprendeu a classificar plantas medicinais, extrair ingredientes ativos e determinar suas estruturas químicas. No início da carreira, ela passou anos nas florestas tropicais do sul da China, estudando as consequências arrasadoras da malária e textos médicos antigos sobre os tratamentos tradicionais chineses para a doença.
Em 2015, ela e dois colegas receberam o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, tornando-se a primeira chinesa a receber o Prêmio Nobel em qualquer categoria.
Kiara Nirghin
A sul-africana, Kiara Nirghin, de 19 anos é vencedora da Google Science Fair 2016 por criar um polímero superabsorvente que pode reter mais de 100 vezes sua massa, potencialmente revolucionando a conservação da água e mantendo plantações saudáveis durante períodos de seca.
Fora isso, a ONU Mulheres destaca que a invenção é de baixo custo e biodegradável, feita de cascas de laranja e de abacate.
O interesse de Nirghin na conservação da água vem de sua experiência com a seca de 2015 em seu país natal. Ela ficou impressionada ao ver barragens de água, uma vez cheias até a borda, secarem.
A adolescente conta que "sempre soube que tinha que fazer algo para resolver a seca porque ninguém mais estava fazendo nada".
A ONU Mulheres observa que a descoberta de Nirghin tem potencial para ir muito além de sua cidade natal. Ao ser utilizado em campos agrícolas, o polímero superabsorvente pode aumentar a segurança alimentar em todo o mundo.
Katherine Johnson
Katherine Johnson é matemática. Seus cálculos foram essenciais para a exploração espacial dos Estados Unidos. Como cientista da NASA, ela calculou trajetórias, períodos de lançamento e caminhos de retorno de emergência que levaram os primeiros astronautas dos Estados Unidos ao espaço e à órbita da Terra.
De acordo com a ONU Mulheres, Johnson foi a primeira afro-americana a frequentar sua escola de pós-graduação e foi uma das poucas a trabalhar no programa espacial da NASA. Ela enfrentou discriminação por causa de sua raça e gênero, mas sabia que pertencia à equipe.
A cientista conta que eles se acostumaram com ela “fazendo perguntas e sendo a única mulher lá.”
Marie Curie era física e química. Sua pesquisa em radioatividade estabeleceu a base para a ciência nuclear moderna, dos raios X à radioterapia para o tratamento do câncer. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel e a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em duas categorias diferentes: Física e Química.
Curie cursou universidade na Polônia e doutorou-se na França. Ela e o marido descobriram dois elementos radioativos, o polônio e o rádio, e fundaram um instituto de pesquisa médica em Varsóvia.
A cientista também inventou unidades móveis de raios-X que ajudaram mais de um milhão de soldados feridos na Primeira Guerra Mundial.
Curie morreu de uma doença associada à radiação. Mas suas descobertas continuam a salvar vidas até hoje.
Segenet Kelemu é uma patologista das moléculas das plantas, cuja pesquisa de ponta é dedicada a ajudar os pequenos agricultores do mundo a cultivar mais alimentos e a sair da pobreza. Ela diz que sua vida é dedicada a "fazer a diferença na vida das pessoas e melhorar a agricultura na África." Kelemu cresceu numa família de agricultores pobres na Etiópia e foi a primeira mulher de sua região a obter um diploma universitário.
Depois de anos estudando e trabalhando no exterior, Kelemu retornou à África para liderar uma nova geração de cientistas. Ela acredita que o "investimento na agricultura africana, e em pesquisa africana é, na verdade, investir na humanidade como um todo."
Kelemu recebeu o Prêmio L'Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência em 2014, foi nomeada uma das 100 mulheres africanas mais influentes da Forbes África e selecionada como bolsista da Academia Mundial de Ciências em 2015.
Maryam Mirzakhani
Maryam Mirzakhani foi criada em Teerã, no Irã. Na infância, sonhava em ser escritora. Mas somente no ensino médio, que descobriu seu talento para a matemática, área que capturou sua criatividade e intelecto pelo resto da vida.
Em 1994, Mirzakhani se tornou a primeira aluna iraniana a ganhar a medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática, com 41 pontos de um total de 42. Em 2015, ela voltou a vencer com uma pontuação perfeita.
A iraniana-americana fez doutorado na Universidade de Harvard e foi uma das líderes nos estudos de dinâmica e geometria de superfícies complexas. Em 2014, ela se tornou a primeira vencedora da medalha Fields, o prêmio de maior prestígio em matemática.
Mirzakhani, que morreu em 2017, conta que quanto mais “dedicava tempo à matemática, mais se empolgava”. Ela lembra amar "a emoção da descoberta e o prazer de entender algo novo, a sensação de estar no topo de uma colina e ter uma visão clara".
A ONU Mulheres diz suas contribuições inestimáveis para o campo da matemática perduram. E que sua carreira pioneira abriu o caminho para muitas matemáticas futuras.
Fonte: https://news.un.org/pt/story/2020/02/1703791
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